Mónica
Lapa (1965 - 2001)
Demasiado cedo Mónica Lapa deixou-nos. Faleceu no
dia 3 de Agosto de 2001. Apesar da dor e das saudades, ficámos também com
um sentimento caloroso de gratidão por termos tido a oportunidade de a conhecer,
trabalhar ao seu lado, partilhar momentos de felicidade e tristeza. A Mónica
era uma pessoa excepcional, que se entregava com toda a força e energia
aos projectos que desenvolvia.
Para quem a conheceu fica, sem dúvida, a memória da bailarina talentosa
que acompanhou durante vários anos o percurso criativo de Clara Andermatt.
A Mónica tinha começado a sua carreira em dança, como sapateadora, quando
tinha 16 anos. Mais tarde, evoluiu para a dança contemporânea, criando o
solo Despe-te e Nada e o dueto Bimarginário com Francisco Camacho. Depois
de um longo intervalo, tinha reiniciado a sua criação coreográfica, há pouco
tempo, com a peça Miss Liberty, que estreou em 1999.
É como fundadora e directora de Danças na Cidade que, provavelmente, a Mónica
deixou a sua marca profissional mais profunda. Desde 1993, quando organizou
o primeiro pequeno festival Danças na Cidade, conseguiu torná-lo num evento
cultural de envergadura não só nacional, como também internacional. Depois
de um primeiro contacto com a comunidade de dança caboverdiana em 1994,
embarcou num projecto novo, Dançar o que é Nosso, mais uma vez impregnado
com a sua força incansável, generosidade e vontade inabalável de melhorar
as coisas à sua volta. Durante quatro anos, desenvolveu o projecto com o
intuito de estimular o intercâmbio artístico e a colaboração entre organizações
e artistas da Europa, África e Brasil.
A Mónica já não está neste mundo, mas o seu trabalho e o seu espírito continuam
connosco. A Mónica esteve muito doente durante quase dois anos, mas manteve
sempre a sua presença radiosa e generosa. A serenidade com a qual preparou
a sua morte tem sido uma fonte de inspiração para todos os que cruzaram
o seu caminho nos últimos meses da sua vida.
Adeus, Mónica. Amamos-te.
foto: Mark Depputer |