João dos Santos Martins
Coreografia
- 12.10 — 07.11 2020
- Artistas em residência
- Espaço Alkantara
Numa conferência-performance intitulada Salário Máximo, apresentada na Assembleia da República Portuguesa, em Lisboa, em 2014, Vera Mantero dizia que a dança lhe parecia a arte menos apropriada para falar do que quer que fosse. Segundo a artista, seria mais simples veicular uma ideia concreta no cinema ou na literatura. Esta afirmação sustenta uma ideia comum de que a dança não pode falar, sendo, no entanto, uma metáfora para o pensamento. O aparente conflito que aqui se espoleta aponta para a relação entre política e poética, que poderia ser expresso na dicotomia entre escrita de texto — permeável à tradução — e composição de gestos, acções e movimentos.
Tal como imaginada por Raoul Feuillet no seu tratado do século XVIII, a dança seria primeiro redigida em papel, através do sistema de notação por si criado, e só depois interpretada e transposta para o corpo. Existia uma verdadeira separação entre uma idealização, escrita como lei, e uma realidade dançada, fruto de uma prática, no chão. O processo de transmissão seria como “dançar” uma língua e “falar” uma dança, um processo em que texto e corpo interagem numa lógica de negociação entre expressão e comunicação.
João dos Santos Martins, julho de 2020
Coreografia estreia no Teatro Viriato, em Viseu, no dia 18 de novembro. Apresenta-se de seguida em Lisboa, no Teatro Nacional D. Maria II, no âmbito do Alkantara Festival 2020.
João dos Santos Martins (Santarém, 1989) é um artista cujo trabalho abrange várias formas como a coreografia, a exposição e a edição. Começou por estudar na Escola Superior de Dança, em Lisboa, e na P.A.R.T.S., em Bruxelas, e concluiu os seus estudos entre o exerce, em Montpellier, e o Instituto para Estudos de Teatro Aplicado, em Giessen. Desde 2008, tem articulado a sua prática entre a produção de peças e a colaboração como bailarino com outros autores como Ana Rita Teodoro, Eszter Salamon, Moriah Evans e Xavier Le Roy. As suas peças são geralmente...