Residência Raia
- 25.10 — 31.10 2021
- Open Studio
- Reservas para estudos.teatro@letras.ulisboa.pt
Nesta primeira residência acolhida pelo Espaço Alkantara, a RAIA (Rede de Acolhimento à Investigação Artística, iniciada por investigadores/as do Centro de Estudos de Teatro) facilita cinco apresentações públicas cobrindo interrogações distintas, distribuídas pelos dias 26, 29 e 31.
No dia 26, às 14:00, Patrícia Anthony apresenta uma fase do projeto Migrações em cena: Reflexões sobre a temática das migrações na cena teatral; no dia 29, às 15:00, Marcondes Gomes Lima apresenta uma fase de Babau, Pancadaria e Morte ou Com Quantos Paus se Faz uma Canoa para o Além. Ambos são projetos de doutoramento a decorrer no CET.
No dia 31 de outubro sucedem-se três apresentações: Lara Portela | Algéria, às 15:00; Filipa Alfama | Projeto Raíz, às 17:00. Gustavo Colombini | Nunca fomos à lua, às 19:00 – trabalhos de investigação artística levados a cabo no âmbito de um projeto de investigação também a decorrer no CET, o PERPHOTO, que pretende explorar as múltiplas interações entre fotografia e artes performativas nas implicações teóricas, históricas e culturais, assim como na prática teatral portuguesa e internacional dos últimos 40 anos. No âmbito da sua linha de ação destinada a estimular um diálogo entre investigação e criação, o PERPHOTO promoveu um laboratório de acompanhamento de projetos performativos de nov_s criador_s, com o objetivo de explorar as múltiplas possibilidades de discursos produzidos através da presença de fotografia ou do dispositivo fotográfico nos processos de criação performativa. Esta é a primeira partilha pública dos resultados do PERPHOTO Lab.
Patrícia Anthony | Migrações em cena - Reflexões sobre a temática das migrações na cena teatra
Dia 26 | 14H
A pesquisa de doutoramento em andamento intitulada Migrações em cena - As migrações interculturais no teatro de rua e no teatro comunitário em Portugal e no Brasil está vinculada ao Doutoramento em Estudos de Teatro na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Tem como intuito reflexionar sobre a presença da temática das migrações e suas dinâmicas em projetos e espetáculos teatrais no âmbito das cenas portuguesas e brasileiras. Aproxima-se metodologicamente ada linha de pesquisa prática como investigação na concepção de Féral (2009), Kershaw (2011; 2009), Kapchan (2006) e Ingold (2016). Simultaneamente desenvolve o projeto artístico Corpo (I)migrante - Histórias de migrações que inclui diferentes criações artísticas e a realização da ação performativa Escuto histórias de Migrações, iniciada desde o ano pandêmico de 2020 e já partilhada em eventos acadêmicos on-line. Tem como objetivo maior a experimentação artística da pedagogia da escuta proposta por Paulo Freire (1990) e Wilmer Villa e Ernell Villa (2010) relacionando-se com a pedagogia descolonial de Catherine Walsh (2018).
Patrícia Anthony é mestre em Retórica de Artes pela Université de Pau et Pays de L ́Adour - França. Possui especialização em Ensino de Arte na Escola, Graduação em Educação Artística - habilitação: Artes Cênicas ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2008 e 2010). É membro da Rede Brasileira de Teatro de Rua - RBTR e sócia pesquisadora da Associação Brasileira de Artes Cênicas - ABRACE, membra do GT Artes Cênicas na rua. Integrante do grupo de artes Coletivo Fulô, atuando nas funções de coordenadora, atriz, e preparadora corporal bem como no núcleo de criação de projetos artísticos, com experiência na área de Artes, Arte-educação com ênfase em Teatro e Dança. Desde 2016 é professora efetiva do Departamento de Teatro do Centro de Artes Maria Violeta de Alencar Gervaiseau na Universidade Regional do Cariri -URCA. Como pesquisadora desta instituição integra os seguintes grupos: Grupo de Pesquisa Dramaturgia e Encenação, onde coordenou de 2016 a 2019 o Projeto de Pesquisa Franc ́art - Aprendizado do francês através da Arte; o Grupo de Pesquisa Pedagogia do Teatro no Cariri - PETECA onde coordena a linha de pesquisa Arte Pública (Teatro de Rua, Artes da Rua e Teatro Popular) e coordenou os Projeto de Pesquisa TOCA - Teatro do Oprimido no Cariri, e o Programa de Extensão Teatro na comunidade no período de 2018 a 2019. Doutoranda no Programa de Doutoramento em Estudos de Teatro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Marcondes Gomes Lima | Babau, Pancadaria e Morte ou Com Quantos Paus se Faz uma Canoa para o Além
Dia 29 | 15H
Trata-se de uma experiência embrionária híbrida, entre os formatos Desmontagem e Palestra-Performance. O tema central é a morte e a continuidade no Teatro de Mamulengos brasileiro, a partir de narrativa que rememora ocorrências vividas em torno da montagem do espetáculo Babau ou A Vida Desembestada do Homem que Tentou Engabelar a Morte. Uma criação do Mão Molenga Teatro de Bonecos, companhia recifense que a mantém em seu repertório desde 2005. Peculiaridades da arte dos brincadores de mamulengo, assim como a liminaridade entre ficção e realidade, vida e arte, são apresentadas ao público de modo a um só tempo documental, poético e lúdico.
Marcondes Gomes Lima é Licenciado em Educação Artística – Habilitação em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), obteve título de Especialista (pós-graduação latu sensu) em Artes Cênicas pela UFPE e de Mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia. Pesquisador e Professor do Departamento de Artes da UFPE desde 1992, ministra aulas nas disciplinas referentes aos elementos visuais do espetáculo (Cenografia, Figurino e Maquiagem), no Curso de Licenciatura em Teatro e Licenciatura em Dança. Assina três livros - A Arte do Brincador (2009), Antônio de Almeida: Zezinho do Santa Isabel (2009) e A Arte de Victor Moreira (2018) – resultantes de suas investigações sobre o universo das manifestações cênicas tradicionais de Pernambuco e sobre artistas mantidos por muito tempo sob o esquecimento. Atualmente cursa o Doutoramento em Artes Performativas e da Imagem em Movimento na Universidade de Lisboa. É também encenador, cenógrafo, figurinista, maquiador, ator e bonequeiro, tendo desempenhado algumas dessas funções em mais de cem produções locais, nacionais e internacionais, no período de 1986 a 2019. Além de atuar nas artes do espetáculo tem assinado direção de arte para cinema, vídeo e televisão. Também integra dois grupos de teatro sediados em Recife, com amplo reconhecimento nacional: o Mão Molenga Teatro de Bonecos (1986) e o Coletivo Angú de Teatro (2003).
Lara Portela | Algéria
Dia 31 | 15H
“Algéria” continua um percurso artístico, e até académico, de Lara Portela, ligado ao arquivo e à memória. Procura repensar questões e práticas exploradas em projetos anteriores, como a virtualização da mesa de trabalho, a separação entre performer e audiência, e a exploração das possibilidades de leitura de imagens e objetos. Desenvolvido no âmbito do PERPHOTO Lab, o projeto parte de uma coleção de fotografias da Algéria datada dos anos 90, que pertenceu a um geólogo, e pretende desenvolver-se numa narrativa de paisagem-viagem. “Algéria” integra agora a residência RAIA, que culmina na sua primeira apresentação pública.
Lara Portela é licenciada em Artes Plásticas pela ESAD-CR, frequentou o Independent Study Program da Maumaus, a Zona Pedagógica do Teatro do Vestido e ainda Outras Escritas Para Teatro no Teatro do Silêncio. Possui um vasto percurso académico, profissional e artístico, podendo destacar-se o projeto de artes visuais Fabião: negativos, positivos e outras histórias (2014) – residência em colaboração com Nelson Melo no Museu da Imagem em Movimento – e Vestido Amarelo (2018), solo-performance para ecrã. Com o objetivo de aprofundar o seu interesse por coleções, objetos e arquivos, iniciou, em 2019, um novo ciclo de estudos dedicados à Museologia na Universidade Nova de Lisboa, mestrado que atualmente frequenta.
Filipa Alfama | Projeto Raíz
Dia 31 | 17H
“Projecto Raíz” faz-se valer do recorrente cruzamento disciplinar presente no percurso artístico de Filipa Alfama. Neste trabalho a criadora utiliza a fotografia, a instalação, a performance, o vídeo, o desenho e a sombra como meios de expressão, imprimindo desta forma o seu cariz híbrido também com o intuito de refletir sobre a condição humana. Desenvolvido no âmbito do PERPHOTO Lab, terá a sua primeira apresentação pública no âmbito da residência RAIA.
Filipa Alfama procura, através do corpo, explorar questões ligadas à identidade e comunicação humanas. Expressa-se, para isso, através da fotografia, do vídeo e da performance. Natural de Lisboa, licenciou-se em Arte e Multimédia pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e frequentou o curso de Fotografia no Ar.Co. Em 2020, ganhou uma bolsa de criação artística atribuída pela Zona Lamego, no âmbito do ZIGUR Fest, da qual resultou a instalação urbana Pedra por Pedra (2020). Atualmente é mestranda em Ciências da Comunicação, vertente de Comunicação e Artes, na Universidade Nova de Lisboa.
Gustavo Colombini | Nunca fomos à lua
Dia 31 | 19H
“Nunca fomos à lua” nasce da investigação dos acervos oficiais das coleções disponibilizadas pelo Lunar and Planetary Institute, que testemunham a chegada da humanidade à lua. Este projeto, que é agora objeto de residência RAIA e é apresentado pela primeira vez, foi desenvolvido no âmbito do PERPHOTO Lab, e pretende aprofundar a relação entre o arquivo, a imagem fotográfica histórica e o texto, no âmbito das práticas de conferência, procurando, para isto, estabelecer relações diversas entre a análise iconográfica, a construção dramatúrgica e estudos sobre o futuro que deem lugar a novas composições foto-textuais.
Gustavo Colombini é dramaturgo e diretor teatral. Em 2014, concluiu o curso de Artes Cénicas na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. A relação com a investigação e a dramaturgia surgiu cedo no seu percurso académico, somando várias publicações e distinções profissionais, como Colônia (2018), publicado pela GLAC Edições e indicado ao prémio APCA na categoria de Melhor Dramaturgia. Destaca-se também Ponto de Fuga (2014), projeto de final de curso, encenado na Casa do Povo, em São Paulo. Frequenta atualmente o mestrado de Estudos de Teatro na Universidade de Lisboa e dedica-se à investigação das imagens, do texto e da fala, interessando-se principalmente pelas práticas da conferência-performance.
Sobre a Raia
A RAIA – Rede de Acolhimento à Investigação Artística é uma tentativa de oferecer condições de experimentação e de reflexão partilhadas a estudantes, investigadoras e artistas que se encontrem a desenvolver estudos e trabalhos de investigação artística. Um dos seus objetivos mais imediatos é criar 'tecido conectivo’ através da afirmação da prática como reflexão e da reflexão como prática. Ou seja, reforçar a vasta trama de polinização mútua entre práticas artísticas e práticas teóricas que tem vindo a afirmar-se internacionalmente ao longo das duas últimas décadas, tanto no âmbito da investigação académica em artes, como em processos de investigação e criação artística não enquadrados em espaços universitários. Concretamente, a RAIA esforça-se por facilitar espaços físicos e/ou virtuais que tenham meios para acolher formatos de partilha de processos de investigação artística em curso, bem como desejo de expandir as relações entre contextos culturais diversos – institucionais, não institucionais, para-institucionais — sem qualquer expetativa de que os trabalhos partilhados correspondam a temas considerados pertinentes, espetaculares ou programáveis, no âmbito das indústrias da performance e do conhecimento contemporâneas. Por outras palavras, a RAIA não é um gesto de curadoria, mas de mediação de condições para mais encontro, mais reflexão coletiva; uma forma de canalizar formas de apoio e companhia, entre comunidades de investigação paralelas. Apesar de ser uma iniciativa de investigador_s e docentes do Centro de Estudos de Teatro (CET-FLUL), que partiu da necessidade de criar uma rede de espaços parceiros para acolher atividades decorrentes das várias formas de investigação artística desenvolvidas no âmbito do atual Programa em Estudos do Teatro (PET), a RAIA entende-se acima de tudo como uma forma de pensar/gerar encontros de estudo em formato variável, aberta a artistas-investigador_s de todo o lado.