Residência Raia
Rede de Acolhimento à Investigação Artística
- 22.01 — 26.01 2024
Esta é a segunda residência da RAIA (Rede de Acolhimento à Investigação Artística) acolhida pelo Espaço Alkantara. Nesta edição participam artistas investigadores atualmente em doutoramento na Universidade de Lisboa, com o acompanhamento de artistas e/ou investigadores cúmplices de dentro e fora da academia, que convidaram a participar nos processos de investigação e experimentação artística específicos que pretendem testar nesta RAIA.
Organização de Paula Caspão, Centro de Estudos de Teatro (CET-FLUL). Com acompanhamento artístico e científico de Catarina Firmo, Gustavo Vicente e Paula Caspão.
Participantes
Josefina A. Fuentes, partilhará o projeto “Vózrtice”, que descentra o ideário de prática vocal criativa, interrogando a possibilidade de aceder aos modos de existir [e resistir] em/com/por meio da voz como ferramenta performativa sentipensante. Serão testados os dispositivos específicos "12x12", "Anomáhlia", "El pasado adelante" e "In(com)de paso", desenvolvidos no âmbito do trabalho final de Doutoramento em Estudos de Teatro, ULisboa. A partilha de Josefina conta ainda com o acompanhamento de Cintya Floriani, Sara Belo, Cristian Aros, Francisco Diaspro.
Soledad F. Rodriguez, em colaboração com o artista sonoro Cristian Arancibia, testará “Eco Dice/Eco Diz”, uma prática que desenvolve no âmbito do projeto “Re-vocalizar a Eco: construção de narrativas feministas corpo-vocais a partir do pensamento e da prática pós-humanista” / Doutoramento em Estudos de Teatro FLUL, financiado pela Fundação de Ciência e Tecnologia. A proposta investiga o fluxo de diversos conceitos provenientes da condição de resíduo de Eco, desaguando num habitar monstruoso da (Im) possibilidade: (Im) possibilidade de dizer, (Im) possibilidade de existir.
Dárida Rodrigues, partilhará partes do projeto “Oráculo. Onírico Partituras e Insurgência” / Doutoramento em Artes Performativas e da Imagem em Movimento da Universidade de Lisboa, financiado pela Fundação de Ciência e Tecnologia. Investiga a consideração da esfera micropolítica do corpo e do inconsciente à luz da perspetiva do pensamento decolonial, propondo a criação de práticas para conceber novos modos de existência face ao regime de subjetividade capitalista contemporâneo. Nesta residência, Dárida coloca o seu trabalho de imagem e a criação de áudio guias em diálogo com o projeto de Maria Eduarda Affonso, “O mundo, o espanto e as imagens: uma leitura poética das reinvenções mitológicas através do cinema de língua portuguesa”, desenvolvido no Programa de Doutoramento em Modernidades Comparadas: Literatura, Arte e Cultura, da Universidade do Minho.
Laura Rozas, acompanhada por Lina Hoyos e Pablo Quiroga, desenvolve metodologias e ferramentas artísticas para a produção do workshop "Dérives of migrant landscapes: Meeting points between species and places", cujo objetivo é implicar participantes na perceção e construção de paisagens de migração, da perspetiva do papel que nelas desempenham os elementos naturais. A sessão pretende trabalhar os elementos naturais e urbanos que as pessoas em migração destacam na cidade que habitam (ou habitaram), procurando estabelecer paralelos entre a migração de pessoas e outras espécies, especialmente plantas, como processos imbricados com consequências socioculturais e ambientais.
Patricia Anthony com acompanhamento de Cintya Floriani e Rafael Massotti, partilhará “Corpo(as) Migrante”, o processo das vídeo-performances e performances que compõe a parte prática da investigação intitulada "Migrações em Cena" vinculada ao Doutoramento em Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da universidade de Lisboa, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Nesta partilha da investigação em andamento, busca-se relacionar o processo criativo com os estudos decoloniais convocando as perspetivas de Walsh (2018) e Martins (2021) e com perspetivas contra coloniais de acordo com Bispo dos Santos (2015), em diálogo com as noções de viagem e deslocamentos presentes em Onfray (2019) e Thoreau (1950 e 1954).
Participam ainda na residência Otavio de Sousa e Lida T. Bonakdar, em doutoramento no Programa de Estudos de Teatro da FLUL.
Sobre a Raia
A RAIA – Rede de Acolhimento à Investigação Artística é uma tentativa de oferecer condições de experimentação e de reflexão partilhadas a estudantes, investigadoras e artistas que se encontrem a desenvolver estudos e trabalhos de investigação artística. Um dos seus objetivos mais imediatos é criar 'tecido conectivo’ através da afirmação da prática como reflexão e da reflexão como prática. Ou seja, reforçar a vasta trama de polinização mútua entre práticas artísticas e práticas teóricas que tem vindo a afirmar-se internacionalmente ao longo das duas últimas décadas, tanto no âmbito da investigação académica em artes, como em processos de investigação e criação artística não enquadrados em espaços universitários. Concretamente, a RAIA esforça-se por facilitar espaços físicos e/ou virtuais que tenham meios para acolher formatos de partilha de processos de investigação artística em curso, bem como desejo de expandir as relações entre contextos culturais diversos – institucionais, não institucionais, para-institucionais — sem qualquer expetativa de que os trabalhos partilhados correspondam a temas considerados pertinentes, espetaculares ou programáveis, no âmbito das indústrias da performance e do conhecimento contemporâneas. Por outras palavras, a RAIA não é um gesto de curadoria, mas de mediação de condições para mais encontro, mais reflexão coletiva; uma forma de canalizar formas de apoio e companhia, entre comunidades de investigação paralelas. Apesar de ser uma iniciativa de investigador_s e docentes do Centro de Estudos de Teatro (CET-FLUL), que partiu da necessidade de criar uma rede de espaços parceiros para acolher atividades decorrentes das várias formas de investigação artística desenvolvidas no âmbito do atual Programa em Estudos do Teatro (PET), a RAIA entende-se acima de tudo como uma forma de pensar/gerar encontros de estudo em formato variável, aberta a artistas-investigador_s de todo o lado.