Alkantara Festival 2023
Primeiros destaques
- 10.11 — 26.11 2023
O Alkantara Festival 2023 aproxima-se. De 10 a 26 de novembro apresentamos um programa internacional de dança, teatro, performance e encontros na cidade de Lisboa. Estes são os primeiros destaques desta edição.
Marco Mendonça estreia Blackface, uma produção Alkantara, no Teatro do Bairro Alto (17-19 nov), nos mesmos dias em que Gaya de Medeiros leva ao CCB uma nova versão de Pai para Jantar. Na reta final da edição de 2023, as produções internacionais Profético (Nós já nascemos), de Nadia Beugré (24-25 nov), e Uirapuru, de Marcelo Evelin / Demolition Incorporada (25-26 nov), ocupam os palcos do auditório da Culturgest e da Sala Luís Miguel Cintra do São Luiz Teatro Municipal.
A partir da história de práticas racistas, da relação com o desejo e com a identidade de género, a partir das relações familiares que estabelecemos ou da forma como a dança pode ser um espaço para experimentar o nosso lugar na natureza, na cultura, na sociedade, são quatro propostas que nos convidam a pensar a relação com os corpos.
Blackface é um espectáculo a solo, escrito e encenado por Marco Mendonça, uma conferência musical, entre o stand up e a fantasia, entre a sátira e o teatro físico, entre o burlesco e o documental. Parte de experiências pessoais e da história do blackface como prática teatral racista, desde as suas raízes nos EUA aos casos portugueses para um questionamento dos limites do que pode, ou não, ser representado num palco.
Em Pai para Jantar, Gaya de Medeiros questiona-nos sobre os modos como são agenciadas palavras, afetos e arquétipos ao redor da ideia de “ser homem”. A performance sugere um caminho subjetivo em direção ao lastro da figura do pai. Um encontro entre uma mulher-talho e um minotauro perdido no seu próprio labirinto.
Na Culturgest, no auditório Emílio Rui Vilar, apresenta-se no terceiro fim de semana do festival um elenco constituído por pessoas da comunidade transgénero de Abidjan, uma das mais populosas cidades africanas e capital económica da Costa do Marfim, onde nasceu Nadia Beugré. Profético (Nós já nascemos) resulta do contacto que tem mantido com essa comunidade: pessoas que, designadas à nascença como rapazes, flutuam entre géneros num gesto de reivindicação de liberdade feroz, numa sociedade extremamente patriarcal que, na melhor das hipóteses, finge que não as vê.
Na peça de dança Uirapuru, o coreógrafo brasileiro Marcelo Evelin e a sua companhia, a Demolition Incorporada, inspiram-se nas entidades que habitam as florestas do Brasil e no imaginário das matas brasileiras. A floresta é apresentada como cosmologia, selvagem e encantada, como um lugar de regresso a um interior profundo e desconhecido. Uirapuru é o cantor da floresta. Uirapuru é o nome de um pássaro. Em tupi-guarani, significa “o homem transformado em pássaro” ou “ave enfeitada”.
Em outubro revelamos toda a programação do Alkantara Festival 2023, que acontecerá entre o Centro Cultural de Belém, a Culturgest, o São Luiz Teatro Municipal, o Teatro do Bairro Alto, o Espaço Alkantara e também num espaço público, em parceria com o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.
Até lá, encontramo-nos no Espaço Alkantara.
