Terra Batida
Nosso Wayuri

- 15.11 — 16.11 2025
- Terra Batida
- Galerias Municipais - Galeria Quadrum
- Entrada livre.
- M/12
- 2H
Um programa de performances para celebrar a força agregadora e de reinvenção da arte indígena contemporânea.
Wayuri é um gesto de criar coletivo ou, tão só, de fazer algo em conjunto. A escolha de uma palavra em língua nheengatu — língua geral amazónica alimentada por bases do tupi, e proibida no séc. XVIII por Marquês de Pombal por ser uma ameaça à imposição da língua portuguesa — celebra a força agregadora e a reinvenção da arte indígena contemporânea. Uma alegria de fazer junto, de convocar a multitude de línguas, vozes, vidas e biomas indígenas que se encontram e resistem perante a sedimentação estrutural da violência colonial entre Portugal e o Brasil.
Nosso Wayuri reúne seis artistas no espaço da exposição retrospetiva do artista Denilson Baniwa, coletivizando-a. O programa de uma tarde resulta do processo de investigação convocado pela plataforma Terra Batida — uma plataforma orientada a desconstruir as noções de ecologia face ao entrelaçamento de visões e responsabilidades. A pesquisa, que durou cerca de dois anos, foi marcada por residências de encontro, investigação e criação com artistas indígenas em museus históricos e etnográficos em Lisboa e Coimbra, pensando estratégias de convivência, resposta e cuidado. Neste encontro performativo coletivo, Lilly Baniwa, Ellen Pirá Wassu & Ritó Natálio, Olinda Tupinambá & Ziel Karapotó e Juão Nÿn apresentam diferentes ações e gestos performativos que se tecem e se misturam entre si. O programa conta ainda com uma conversa e com uma instalação de vídeo que apresenta o processo de pesquisa deste grupo de artistas em acervos museológicos em Portugal.
As ações e gestos performativos de Nosso Wayuri acontecerão de forma contínua e entrelaçada e os seus inícios e fins nem sempre estarão claramente definidos — podem surgir em fragmentos, ser momentaneamente interrompidos ou misturar-se entre si, compondo uma performance partilhada e coletiva.
Cartas do Fogo
Ellen Pirá Wassu & Ritó Natálio
Entre a poesia e a performance, serão lidos excertos de Cartas do Fogo, colaboração curatorial e artística entre Ellen Pirá Wassu e Ritó Natálio, que convida a uma experiência de transmutação e digestão do encontro com estas coleções históricas. Um diálogo em torno de processos de desflorestação e das políticas institucionais de desaparecimento, conservação e memória, aplicados ao território brasileiro e português.
Diakhe
Lilly Baniwa
A perspetiva do caminho ou do retorno, como indica a palavra em baniwa diakhe, dá nome à performance da atriz Lilly Baniwa, do Alto Rio Negro. Nas palavras da artista, “entre águas e memórias, o diakhe chama: um percurso do retorno, onde territórios e saberes ancestrais se encontram para tecer cura e conexões, rompendo o silenciamento imposto aos objetos sagrados que carregam nossas histórias.”
Contra-feitiço a escrita maldita
Olinda Tupinambá & Ziel Karapotó
Uma ação que responde ao encontro presencial de Olinda Tupinambá e Ziel Karapotó com a Carta de Pêro de Vaz de Caminha, de 1 de Maio de 1500, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Uma performance /ritual, por meio dos corpos-territórios de Olinda e Ziel, que estabelecerá uma contra-narrativa sobre a primeira escrita descritiva portuguesa sobre os povos indígenas do Brasil, a fim de desfazer as amarras do olhar colonizador sobre os povos originários. Passado, presente e futuro se entrelaçam, e a história, enfim, é questionada, recontada e reescrita com protagonismo e autoria indígena, por quem sempre a viveu.
Branqueologya
Juão Nÿn
Uma reperformance do primeiro contato entre o “homem branco” e os povos nativos de Abya Yala. “Que troca ainda precisa ser (des) feyta?”, pergunta Juão Nyn, artista Potyguara. Branqueologya surge como desdobramento da sua obra anterior, Contraxawara.
Recomendamos que se assista ao programa completo. O público pode movimentar- -se livremente pelo espaço, e sair e voltar a entrar, se necessário.
A exposição Contra-feitiço, de Denilson Baniwa, pode ser visitada até 8 fev.

Ellen Pirá Wassu é bicho, rio, árvore, raiz e semente. Também é gente humana, escritora e doutoranda em Modernidades Comparadas: Literaturas, Artes e Culturas, no Centro de Estudos Humanísticos pela Universidade do Minho (CEHUM). Investiga a relação entre expropriações territoriais e identitárias nos discursos visuais e literários dominantes, estudo que tem conceituado de "poéticas da expropriação". Publicou em 2021 ixé ygara voltando pra y’kûá(Urutau) e yby kûatiara um livro de terra, 2023 (Urutau). Integra, entre revistas literárias e outras...

Artista e investigador. Os seus espaços de prática combinam a escrita ensaística e a performance, seja na criação, no ensino, na investigação ou na organização de programas públicos. Tem organizado uma série de palestras-performances dedicadas à relação entre linguagem e geologia, apresentadas internacionalmente em diversos espaços artísticos, teatros e contextos académicos: Antropocenas (2017) com João dos Santos Martins, Geofagia (2018), e Fóssil (2020). Numa das suas criações mais recentes — Spillovers (2023) — propõe uma reinterpretação...

Lilly Baniwa é atriz, performer e investigadora indígena de Artes Cênicas na Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP. Dentre os seus últimos projetos, destaca-se o vídeo performance manifesto Lithipokoroda, como realizadora, e a Oficina Performatividades Identitárias, ambos contemplados pela Lei Aldir Blanc/Amazonas e desenvolvidos no município de São Gabriel da Cachoeira. Como atriz-criadora, destacam-se, ainda, o espetáculo-filme WHAA - Nós, entre ela e eu (2022) e o espetáculo Antes do tempo existir.

Olinda Tupinambá é indígena do povo Tupinambá e Pataxó Hãhãhãe, jornalista, curadora, performance, cineasta e ativista ambiental. O artivismo estético e político do trabalho de Olinda rompe com os estereótipos e o racismo que pairam sobre os povos indígenas. O seu trabalho ocupa as telas para ecoar as vozes da ancestralidade, que denunciam a opressão e demarcam a existência dos povos indígenas. Olinda evidencia que os indígenas são contemporâneos, vivendo no tempo presente, buscando referências no passado indígena para ressignificar e atualizar.

Ziel Karapotó é indígena da etnia Karapotó, da comunidade Terra Nova. Atua desde o ano de 2012 no campo das artes visuais, performance, instalação, curadoria, arte-educação e audiovisual. É formado em Artes Visuais na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE e é investigador visitante no IHAC/UFBA. Nas suas pesquisas, aborda as poéticas indígenas, configurações identitárias e o racismo sobre as etnicidades originárias, em especial sobre os povos indígenas no Nordeste. Acredita na arte e na ciência dos seus ancestrais e do seu corpo-espírito como...

Juão Nÿn é multiartista: atua na performance, no teatro, no cinema e na música. Potyguar/a — potiguar porque nasceu no Rio Grande do Norte e Potyguara de etnia indígena —, 36 anos, militante do movimento indígena do RN, integrante do Coletivo Estopô Balaio de Criação, Memória e Narrativa e vocalista/compositor da banda Androide Sem Par. Formado em Licenciatura em Teatro pela UFRN, está há onze anos em trânsito entre Natal e São Paulo e faz parte do corpo docente da ELT - Escola Livre de Teatro de Santo André. Como ator migrante, montou “A Cidade...
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