Afrontosas
- 15.02 2018
- Portas Abertas
- Espaço Alkantara
- Entrada livre
Afrontosas são encontros de pessoas da comunidade negra, organizados pela Djass – Associação de Afrodescendentes, que misturam artes performativas e conversas relacionadas com o universo da negritude queer em Portugal.
Negritude queer?
Historicamente a sexualidade das pessoas negras foi reduzida através de um viés colonialista e heteronormativo que considerava os corpos negros como objetos de trabalho e de prazer, construíndo uma imagem sobre o desempenho sexual de pessoas negras que criou até hoje um problema social.
Também no âmbito LGBT, pessoas brancas participaram do processo de colonização de corpos negros. O modelo ocidental homonormativo, baseado muitas vezes nas políticas heteronomativas sobre a sexualidade, era exclusivo para europeus que usufruíam de privilégios para explorar diferentes espectros da sua sexualidade. A sexualidade negra ocidental só podia existir se concordasse em incorporar um modelo branco de ser queer, resultando na continuidade do apagamento da cultura negra.
No âmbito político, o movimento queer e o movimento negro desenvolveram-se paralelamente. Embora existam vários exemplos de ativismo negro na luta da liberdade sexual (como aconteceu em Stonewall), a questão da identidade negra queer não permaneceu como uma situação crucial no âmbito das lutas raciais, de classe e de género. Ainda que a luta LGBT seja muitas vezes assumida como coletiva, a homogeneização política acabou por continuar a favorecer apenas as identidades historicamente privilegiadas.
Nas conversas Afrontosas, queremos falar sobre isso, enquanto refletimos sobre questões como:
- O que significa ser uma pessoa negra queer?
- Como converter a falsa ideia de uma virilidade exclusiva de pessoas racializadas em situações de afirmação positiva da sexualidade negra?
- Como seria possível uma experiência negra queer quando consideramos que o racismo está presente na comunidade branca LGBT?
- Como pessoas negras queer analisam a questão da representatividade política dentro dos movimentos LGBT?
- Que propostas se podem fazer no sentido de alertar o movimento LGBT sobre a importância de superar a retórica utópica da identidade coletiva a fim de evitar que tal homogeneização política continue a favorecer apenas as identidades historicamente privilegiadas?
- Que caminhos as pessoas negras queer podem trilhar a fim de incluir na agenda da comunidade queer propostas de combate ao racismo?
- Como o conceito a identidade negra queer pode ser utilizada para afrontar a política hetero/homonormativa branca que defende uma adequação social dos corpos, dos modos de vida e dos desejos a estruturas sociais existentes?
Performance musical de Marcos Aganju / Plantations Sons
Conversa com com Áquilla Correia, Alexa Santos, Antonio Ferreira, Caroline Elis, Di Candido e Rodrigo Ribeiro.
Áquilla Correia, multi-artista, afrotravesti brasileira, académica e mestra.
Alexa Santos, Investigadora júnior do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra integrada no projeto Diversity and Childhood (DaC). É licenciada em Serviço Social pela Universidade Católica Portuguesa e mestre em Género, Sexualidade e Teoria Queer pela Universidade de Leeds (UK). Os interesses de investigação passam pelas práticas e discursos de profissionais do Serviço Social em relação à diversidade, questões de género e diversidade sexual, teoria queer, juventude, estudos feministas e colonialismo
António Ferreira, Ameríndio-Afro-Luso. É congado, carnaval e cultura Popular. É umbanda, de omolu e Iansã. É dançarina-performer-ator. É arte, educação e política. É aprendiz, guerrilheiro, e devoto da coletividade militante. Doutorado em educação artística e colaborador dos coletivos Chão e Educar.
Carolina Elis, artivista afro-brasileira, focada em narrativas negras e afro-feministas como forma de transgressão e luta anti racista.
Diego Candido, brasileiro, Mestrando em Comunicação, Cultura e Tecnologia no ISCTE-IUL, especialista jurídico e negócios com atuação em instituições públicas, startups, coletivos independentes de arte / cultura e indústria criativa em geral, com experiência em produção, viabilização e marketing em projectos governamentais, académicos e culturais e de mídia, em agências de comunicação no Brasil, Portugal, Reino Unido e Estados Unidos. Produtor executivo e consultor ao longo da estratégia de financiamento vinculada ao planejamento e implementação da 7th Biennial Afroeuropeans Network Conference em 2019, realizada no ISCTE-IUL (Instituto Universitário de Lisboa), com um marcante programa artístico e cultural para a comunidade negra em Portugal, o que garantiu a conexão de muitos acadêmicos, ativistas e artistas da diáspora africana vindos de todo o mundo para a participação no evento. Di Candido também é o anfitrião / DJ da House of Didi no 49ZDB e da Plataforma bee. no Damas Bar, para conectar a “Black Queer Magic” ao sentido de festas, artes e cultura em Lisboa, por viabilizar espaço para artistas locais e promover a Cultura Preta em diáspora.
Àkila a.k.a Puta da Silva é cantora, realizadora e atriz. É uma das grandes referências da produção artística portuguesa na atualidade. Em 2020 Àkila conquistou a aclamação do público ao lançar o seu primeiro single, Bruxonas. Selecionado para o MVF Awards Brasil 2020, na categoria Melhor Videoclipe feito no lockdown, foi exibido na 17.ª edição do festival Coquetel Molotov - Mundo Imersivo 3D e na 14.ª edição do festival For Rainbow 2020. Em 2021 lançou mais dois singles: Hétero Curioso, selecionado para a sexta edição do Bogotá Music Video...