Outro lado é um dia

Encontramo-nos a dissipar o encanto do nosso velho esqueleto, a esquecer que existimos, a entrever pela falha, a máquina do mundo.
Encontramo-nos a pinçar estilhaços de visões e suas substâncias, a destruir lógicas e a reconstruir desde o absurdo original e seus enigmas.
Encontramo-nos no chão, onde tudo não termina de começar.

Em 2020, confinadas em continentes diferentes, Carolina Campos e Márcia Lança abriram um documento partilhado no google docs. A partir da frase "Temos um passado enorme pela frente", construíram um texto em cadáver esquisito, reagindo às últimas frases escritas pela outra pessoa sem voltar atrás na leitura. O resultado é um texto escrito à distância onde se imaginam futuros a partir de um presente tão distópico que parece ficção.

A partir deste texto criam agora Outro lado é um dia, um espetáculo onde verdade e mentira se tocam e se confundem; onde o tempo é um emaranhado de tempos e situações que não param de terminar e recomeçar.

Outro lado é um dia é também uma publicação online que nasce do desejo de experimentar este dispositivo de escrita/conversa, com pessoas desconhecidas. Num processo paralelo e autónomo à criação do espectáculo iremos produzir encontros virtuais entre pessoas que não se conhecem para construir um texto coletivo acerca da ideia de FIM.

Outro lado é um dia estreia no Citemor (Montemor-o-Velho) em agosto de 2021.