João dos Santos Martins
Coreografia
- 23.11 — 24.11 2020
- M/6
- 75 min
Numa conferência-performance intitulada Salário Máximo, apresentada na Assembleia da República Portuguesa, em Lisboa, em 2014, Vera Mantero dizia que a dança lhe parecia a arte menos apropriada para falar do que quer que fosse. Segundo a artista, seria mais simples veicular uma ideia concreta no cinema ou na literatura. Esta afirmação sustenta uma ideia comum de que a dança não pode falar, sendo, no entanto, uma metáfora para o pensamento. O aparente conflito que aqui se espoleta aponta para a relação entre política e poética, que poderia ser expresso na dicotomia entre escrita de texto — permeável à tradução — e composição de gestos, acções e movimentos.
Tal como imaginada por Raoul Feuillet no seu tratado do século XVIII, a dança seria primeiro redigida em papel, através do sistema de notação por si criado, e só depois interpretada e transposta para o corpo. Existia uma verdadeira separação entre uma idealização, escrita como lei, e uma realidade dançada, fruto de uma prática, no chão. O processo de transmissão seria como “dançar” uma língua e “falar” uma dança, um processo em que texto e corpo interagem numa lógica de negociação entre expressão e comunicação.
João dos Santos Martins, julho de 2020
Raquel Lima conversa com João dos Santos Martins
Coreografia João dos Santos Martins Interpretação Adriano Vicente Música e interpretação ao vivo João Barradas Texto José Maria Vieira Mendes Texto em LGP Sofia Fernandes Luz Filipe Pereira Figurino Constança Entrudo Produção Sofia Matos/Materiais Diversos Produção executiva Claraluz Keiser/Associação Parasita e Association Mi-mai Coprodução Alkantara, Associação Parasita, Centro Cultural Vila Flor, Materiais Diversos Residências artísticas Alkantara, Centro Cultural Malaposta, Estúdios Victor Córdon, 23 Milhas - Ílhavo Agradecimentos Sandra Gorete Coelho
Materiais Diversos, Associação Parasita e Alkantara são financiadas por República Portuguesa | Cultura-Direção Geral das Artes.
João dos Santos Martins (Santarém, 1989) é um artista cujo trabalho abrange várias formas como a coreografia, a exposição e a edição. Começou por estudar na Escola Superior de Dança, em Lisboa, e na P.A.R.T.S., em Bruxelas, e concluiu os seus estudos entre o exerce, em Montpellier, e o Instituto para Estudos Aplicados ao Teatro, em Giessen. Desde 2008, tem articulado a sua prática entre a produção de peças e a colaboração como bailarino com artistas como Ana Rita Teodoro, Eszter Salamon, Moriah Evans e Xavier Le Roy. As suas peças são geralmente desenvolvidas em conjunto com outras pessoas, como em Antropocenas (2017) com Rita Natálio, e Onde Está o Casaco? (2018), com Cyriaque Villemaux e Ana Jotta. Desde 2017, organizou o ciclo Nova—Velha Dança em Santarém, com espectáculos, workshops, conversas e exposições; criou, com Ana Bigotte Vieira, um dispositivo para a historicização coletiva da dança em Portugal — Para Uma Timeline a Haver — fundou um jornal — Coreia — dedicado a produzir discursos sobre as artes e os artistas em especial relação com a dança, e organizou o plano de estudos para o programa PACAP 4 (2020) do Forum Dança.
Adriano Vicente é bailarino e performer. Iniciou a sua formação em dança, em 2007, no Quorum Academy, fazendo parte de vários espetáculos promovidos pela academia. Em 2013 integrou o curso PEPCC do Fórum Dança, em Lisboa, que abandonou para ingressar na P.A.R.T.S., em Bruxelas, onde estudou durante 3 anos. Em 2016 foi intérprete da peça Dawn de Marten Spanberg, criada para o festival Impulstanz, em Viena. Desde então tem colaborado em diferentes projetos, dos quais Louisianna e The Olympics de Nikima Jagudajev, 2018 de André e. Teodósio e Xtraordinário da companhia Teatro Praga. Além destes trabalhos, colabora ainda com o DJ Audiopath num projeto que tenta aliar a música eletrónica, a dança e o corpo.
José Maria Vieira Mendes (Lisboa, 1976) escreve e traduz para teatro. É, desde 2008, membro da companhia Teatro Praga. Algumas das suas peças foram já traduzidas para inglês, francês, italiano, espanhol, polaco, norueguês, romeno, eslovaco, sueco e alemão, com produções na Alemanha, Suécia e Escócia.Foi distinguido com o Prémio Revelação Ribeiro da Fonte 2000, do Instituto Português das Artes do Espectáculo, Prémio ACARTE/Maria Madalena Azeredo Perdigão 2000, da Fundação Calouste Gulbenkian, Prémio Luso-Brasileiro de Dramaturgia António José da Silva 2006, atribuído pelo Instituto Camões e Funarte pela peça A Minha Mulher.
João Barradas é acordeonista, movendo-se entre a música clássica, o jazz e a música improvisada. Instrumentista eclético, desempenha um papel ativo na música clássica e contemporânea para acordeão, trabalhando com compositores como Luís Tinoco, Fabrizio Cassol ou Dimitris Andrikopoulos. Realiza trabalho de pesquisa, transcrição e composição de música original para o seu instrumento. Venceu alguns dos mais prestigiados concursos internacionais, incluindo o Troféu Mundial de Acordeão, a Coupe Mondiale, o Concurso Internacional de Castelfidardo e o Concurso Internacional Okud Istra (Croácia). Enquanto acordeonista de jazz, Barradas gravou para a editora Inner Circle Music, de Nova Iorque, e colaborou com artistas como Greg Osby, Mark Turner, Aka Moon, Mike Stern, Gil Goldstein, Fabrizio Cassol, Mark Colenburg, Jacob Sacks, Miles Okasaki, Rufus Reid e Jerome Jennings. O seu primeiro álbum para a Inner Circle, Directions, foi nomeado para “Melhor Álbum do Ano” pela revista Downbeat.
Filipe Pereira é coreógrafo, bailarino e designer floral. Como coreógrafo destaca as peças Nova Criação e O que fica do que passa, em colaboração com Teresa Silva; e Hale — Estudo para um organismo artificial, em colaboração com Aleksandra Osowicz, Inês Campos, Helena Martos e Matthieu Ehrlacher. Como bailarino tem vindo a trabalhar com João dos Santos Martins, Sofia Dias & Vítor Roriz, Dinis Machado, Beatriz Cantinho e Martine Pisani, entre outras pessoas. Como designer desenvolve o seu recente projeto Antese, em que cria composições florais para diversos fins.
Constança Entrudo nasceu em Lisboa. Viveu em Londres durante seis anos, onde se licenciou em Design Têxtil pela prestigiada Central Saint Martins, e trabalhou para Marques’Almeida e Peter Pilotto. Em 2017, torna-se designer da Balmain, sob a direção criativa de Oliver Rousteing, em Paris, e lança a sua marca na ModaLisboa, onde apresenta a primeira coleção em nome próprio para o verão de 2018.
João dos Santos Martins (Santarém, 1989) é um artista cujo trabalho abrange várias formas como a coreografia, a exposição e a edição. Começou por estudar na Escola Superior de Dança, em Lisboa, e na P.A.R.T.S., em Bruxelas, e concluiu os seus estudos entre o exerce, em Montpellier, e o Instituto para Estudos de Teatro Aplicado, em Giessen. Desde 2008, tem articulado a sua prática entre a produção de peças e a colaboração como bailarino com outros autores como Ana Rita Teodoro, Eszter Salamon, Moriah Evans e Xavier Le Roy. As suas peças são geralmente...