Todos os inícios acabam em dó

Marta Ramos e Mariana Viana estão em residência durante uma semana no Espaço Alkantara com o projeto Todos os inícios acabam em dó.

"O processo de Todos os inícios acabam em dó começou em Julho de 2019. Agora, encontramo-nos novamente para dar continuidade à sua elaboração e trabalhar sobre alguns rastilhos que foram aparecendo durante os meses que estivemos fisicamente distantes.

Nesse período, desenvolvemos uma prática contínua de reescrita da sinopse da primeira versão do trabalho por correspondência de e-mail. Com o desejo de desdobrar o texto e abrir lugares que ainda não conhecíamos, propusemo-nos a deixar aparecer nessas novas sinopses qualquer tipo de imagem, devaneio ou projeção, sem nenhum compromisso de notar a descrição do processo ou criar uma continuidade lógica da sinopse anterior. Esse exercício tem inaugurado um imaginário muito particular que ainda não tínhamos tido acesso. São escritos que, ao mesmo tempo que caminham lado a lado com a construção da peça, se têm revelado um material autónomo e desconhecido.

Durante a residência no Alkantara, iremos debruçar-nos neste material. Vinte sinopses, vinte indícios que podem desaguar em um mesmo início ou em outros. Possíveis desvios e tensionamentos, não só textuais ou gráficos, mas também formais, que certamente trarão novos sentidos para o trabalho."

Marta Ramos

Notas Biográficas

Mariana Viana (1988, Belo Horizonte, Brasil) . As suas práticas situam-se no campo da dança, coreografia e performance, a partir de uma perspectiva transdisciplinar. A escrita sempre acompanhou os seus processos de criação, bem como a documentação e a articulação das realidades ficcionais que se desdobram dela. Nesse momento, dá continuidade ao Cinema Catástrofe, uma série de situações performativas em torno da relação corpo, tempo, imagem, cinema e percepção. Integra o master exerce 2019/ 2021, no ICI–CCN Centre Chorégraphique National de Montpellier em parceria com a Université Paul-Valéry Montpellier III, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. Graduou-se em Comunicação das Artes do Corpo com habilitação em dança na PUC São Paulo, Brasil. Parte importante da sua formação artística aconteceu também em Lisboa, Portugal, no c.e.m – centro em movimento, e no Forum Dança, onde integrou o PACAP 2 – Programa Avançado de Criação em Artes Performativas. Atualmente, vive e trabalha entre Montpellier e Lisboa.

Marta Ramos(1990, Porto, Portugal). Formada em design gráfico, mestre em Design de Comunicação pela Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos, com a dissertação intitulada Do registo como condição coreográfica no design: experiência, notação e performance. Em 2017, conclui o Curso de Especialização Pós-graduada em Performance na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. No mesmo ano apresenta as performances Gesto sobre papel e Gesto sobre parede, onde investiga as possibilidades de transferência entre as áreas do desenho e da performance. Em 2018/19, frequenta o Programa Avançado de Criação em Artes Performativas (Forum Dança, Lisboa), com a curadoria de Sofia Dias & Vítor Roriz, contexto onde desenvolve a peça A body that hides also stands. Em Abril de 2020 é atribuído ao projecto musical ZIMA (desenvolvido em parceria com Sara Zita Correia) a bolsa de criação da Associação OUT.RA (Barreiro). Actualmente, vive e trabalha em Lisboa, onde se movimenta entre o desenho, a performance, a música e a escrita.