1.
Promover o intercâmbio cultural entre artistas
e agentes culturais dos países de expressão portuguesa e, num sentido
mais lato, da África, América Latina e Europa.
2. Criar as bases
para o surgimento de uma comunidade artística africana virada para as
artes contemporâneas e com orientação internacional.
3. Estimular um desenvolvimento
duradouro e a profissionalização da dança nos países africanos onde
desenvolvemos projectos.
Para alcançar estes objectivos, o projecto DANÇAR O QUE É NOSSO desenvolve
uma estratégia integrada a vários níveis:
formação,
intercâmbio, criação e profissionalização.
Formação
Desde
1998, foram realizadas nove residências de formação em Cabo Verde e
quatro em Moçambique, envolvendo cerca de 25 artistas portugueses, 29
professores estrangeiros e várias centenas de participantes. Em Cabo
Verde, estas residências são realizadas em estreita colaboração com
o grupo de dança
Raiz
di Polon. Em Maputo,
os parceiros de Danças na Cidade foram até ao momento: a
Companhia
Nacional de Canto e Dança, a CulturArte,
a Casa
da Cultura de Alto-Maé,
Escola
Nacional de Dança
e Centro Cultural Franco-Moçambicano.
Nestas residências convidamos artistas e profissionais
das artes do espectáculo para trabalhar, durante duas ou três semanas,
com a comunidade artística local. Cada residência tem entre três e seis
cursos maioritariamente de dança contemporânea, mas também de produção,
marketing, música, luminotecnia, etc.
A aposta na Formação assumiu em 2003 um novo modelo, numa
perspectiva de formação prolongada e aprofundada: o 1º
Curso de Desenvolvimento Coreográfico em Maputo, uma parceria
com Culturarte (Moçambique). O objectivo do curso é proporcionar
um treino profissional a um número limitado de bailarinos, estimulando
o desenvolvimento de uma prática criativa na área da dança.
Intercâmbio
As
residências não visam apenas a formação. Têm também uma forte componente
de intercâmbio: todos os professores, sem excepção, têm-nos comunicado
que a participação numa residência é uma experiência profunda que muda
para sempre a sua atitude para com a cultura africana. Mas DANÇAR O
QUE É NOSSO também estimula o intercâmbio na outra direcção. Convidamos
bailarinos e organizadores de África e do Brasil para contactarem com
os seus colegas de Portugal e do resto do mundo num grande encontro
anual em Lisboa, desenvolvido num contexto de troca de experiências,
experimentação e debate. Realizámos até ao momento sete encontros internacionais
em Lisboa, dois com componente mais forte de debate e troca de experiências,
dois com forte componente de formação.
Um outro tipo de intercâmbio é a apresentação
de obras artísticas. Vários parceiros no Brasil têm
colaborado nestas iniciativas. Em 2000 produziu-se uma mostra de dança
contemporânea portuguesa em São Paulo e Rio de Janeiro.
Em 2003, Rio de Janeiro, João Pessoa e Recife acolheram novamente
espectáculos portugueses e de Cabo Verde. Inversamente, Danças
na Cidade tem apresentado, no seu festival, dança contemporânea
brasileira e africana (Lerner & Chamecki, Marcelo Gabriel, Grupo
de rua de Niterói, Raiz di Polon, António Tavares, Rary,
Inzalo, Alma Txina) e co-organizou com o Centro Cultural de Belém
dois ciclos de dança contemporânea africana.
Criação
Através de uma política contínua de encomendas
e co-produções, o projecto DANÇAR O QUE É NOSSO estimula
e apoia a criação artística em dança contemporânea nos países de expressão
portuguesa.
Em 1999, foram encomendadas criações a António Tavares - Danças de Câncer-
e Raiz di Polon - Pêtu -
de Cabo Verde, ambas apresentadas no festival Danças na Cidade 99.
No ano 2000 seguiram-se duas novas criações dos mesmos criadores: CV
Matrix 25 - de Raiz di Polon e uma nova versão de SobreTudo - de António
Tavares.
No ano 2001 a colaboração com Raiz di Polon levou a mais uma nova produção,
Konquista. Ao mesmo tempo, conseguiu-se juntar os co-produtores Danças
na Cidade, Teatro Viriato, Centro Cultural de Belém e Companhia Nacional
de Canto e Dança de Moçambique para a primeira co-produção na área da
dança entre Portugal e Moçambique. O resultado, intitulado Maputo,
consiste num programa de três coreografias, duas do coreógrafo Augusto
Cuvilas, director artístico da própria companhia, e uma do coreógrafo
Francisco Camacho, criada de raiz em Maputo com os bailarinos e a equipa
artística da Companhia Nacional de Canto e Dança. 2001 foi também o
ano da primeira digressão internacional de Raiz di Polon, com cerca
de 15 apresentações.
Em 2002, uma iniciativa de Danças na Cidade deu origem ao espectáculo
Alma Txina. Numa co-produção com Culturarte, e com o apoio
de Africalia e rede DEPARTS, 5 coreógrafos, todos eles ex-estudantes
ou professores da escola de dança PARTS (Thomas Hauert, Arco
Renz, Isabelle Dekeyser, Riina Saastamoinen, George Khumalo), de diferentes
nacionalidades, residiram em Maputo durante 3 meses, e prepararam um
programa com 5 coreografias distintas dançadas por bailarinos
moçambicanos. Este espectáculo foi apresentado, no seu
todo ou numa selecção de coreografias, em Maputo e em
vários países da Europa.
Para o Festival Danças na Cidade 2002 co-produziu-se uma peça
com as bailarinas de Raiz di Polon, “Duas sem Três”
(com orientação de trabalho de voz pela coreógrafa
portuguesa Margarida Mestre). Esta peça foi até ao momento
apresentada em Cabo Verde, em Festivais na Europa, em África,
e no Brasil. A peça foi também premiada no III Concurso
Coreográfico de África e Oceano Pacífico, em Madagáscar.
Profissionalização
A profissionalização passa, em primeiro lugar,
pela criação de estruturas de funcionamento e de postos de trabalho.
A situação das companhias de dança africanas é extremamente precária
e não podemos ter a ambição de solucionar todos os problemas estruturais.
No entanto, através de uma política sustentada de encomendas e da divulgação
dos espectáculos no 'mercado' internacional, já conseguimos criar um
fluxo de receitas apreciável. Também consideramos que uma das tarefas
do DANÇAR O QUE É NOSSO é ajudar os nossos parceiros a
persuadir as suas autoridades locais, governos nacionais e cooperação
internacional da importância de financiamento do seu trabalho.
Profissionalização passa também pela criação de infra-estruturas e aquisição
de equipamentos necessários. Em Cabo Verde, Raiz di Polon conseguiu
reclamar um armazém antigo, a Casa
Padja, situado no principal parque
da cidade, que é utilizado como sede, e centro para todas as companhias
de dança locais. Tem um estúdio de dança, um pequeno escritório e capacidade
para mais. Agora, estamos a apoiá-los na sua luta para encontrar financiamentos
para trabalhos de construção urgentes.
Em Moçambique, a Culturarte, nosso parceiro privilegiado, apostou
recentemente num espaço de apoio à comunidade da dança:
um cyber-café, escritórios de produção,
centro de documentação e estúdio de dança.
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