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Francisco Thiago Cavalcanti em residência no Espaço Alkantara

CANTAR

ALKANARA - Quatro pessoas estão a estender o tronco para a frente. Vemo-las de trás. Estão a tocar com os pontos dos dedos das mãos no chão. A fotografia não tem cores, está a preto e branco. - ©Walesca Timmen
@ Walesca Timmen
  • 28.10 — 03.11 2024
  • Espaço Alkantara


Em 1974, a cantora Gal Costa lançou o quinto álbum de sua carreira chamado CANTAR. É um dos discos mais icônicos da música popular brasileira, é um disco sinônimo de resistência. Em 74 o Brasil ainda vivia uma das piores ditaduras da sua história: artistas, intelectuais, políticos da oposição foram exilados, silenciados. Gal foi uma das figuras emblemáticas do movimento Tropicalista, que entre outros conceitos usava a antropofagia como impulsionador estético. Com a sua voz doce e ao mesmo tempo estridente e provocante, foi uma das figuras públicas que conseguiu nesse período usar seu canto para questionar certa (des)ordem política, ética e social. Um grande número de pessoas precisou se exilar para não ser preso ou morto. Esse não é um fato isolado na identidade de um país, é uma realidade um tanto quanto comum.

Muitas pessoas no mundo precisam fazer grandes deslocamentos, grandes migrações para continuarem a existir; para fugirem da guerra, da perseguição religiosa, para buscar novas oportunidades de subsistência. As baleias fazem grandes viagens para se alimentar, para acasalar, para, assim como nós, continuarem a existir e, nesse percurso, cantam. Imaginamos agora uma peça onde baleias se deslocam e cantam e com seu cantar dizem frases e versos que podem provocar uma revolução ou pelo menos, uma saudade. As baleias são animais enormes. Nós somos pequenos. Mas podemos ser enormes também. Cantar é de graça. Cantar relaxa, faz crianças dormirem e pode fazer adultos acordarem. Que relações existem entre Gal, baleias, exílio, saudade, fronteiras, ditadura, antropofagia, multiculturalismo, territórios, des-territórios, refúgio? São muitas. E agora, vamos dançar isso.

Francisco Thiago Cavalcanti


CANTAR é o espetáculo que Francisco Thiago Cavalcanti está a desenvolver em paralelo com 52blue, ambos produzidos pelo Alkantara. As performances funcionam como díptico que se desdobra na mesma matéria e CANTAR continuará a reflexão sobre os temas do deslocamento, exílio, sobrevivência e resistência de 52blue, que se estreia a 23 de novembro no Teatro do Bairro Alto, no âmbito do Alkantara Festival 2024. CANTAR estreia-se em 2025.

Ficha Artística

Performance, criação e direção Francisco Thiago Cavalcanti Cocriação e performance Piero Ramella, Bárbara Cordeiro, Francisca Pinto, Sara Paternersi, Daniel Pizamiglio e Yaw Tembe Criação de luz Santiago Tricot Produção executiva Sinara Suzin (Alkantara) Apoio Alkantara, Fundação Gulbenkian Documentação e Social Media Walesca Timmen Residências artísticas Alkantara, Ilê do Mestre Peixinho, N'Goma Capoeira Angola, P.A.F (Performing Arts Forum), Instável - Centro Coreográfico, Forum Dança, Centro Cultural da Malaposta Residência de Coprodução O Espaço do Tempo Produção Alkantara Coprodução Alkantara, Teatro Municipal do Porto

Francisco Thiago Cavalcanti

Artista da dança, do teatro e da performance, brasileiro, queer, neurodiverso, não-branco. Vive em Portugal onde fundou o coletivo multidisciplinar, independente e transfronteiriço um cavalo disse mamãe, em parceria com Piero Ramella (IT), Bárbara Cordeiro (PT) e Francisca Pinto (PT). Bacharel em Dança, mestre em Educação — Inclusão, Ética e Interculturalidade e doutorando em Literatura e Culturas Modernas. No Brasil trabalhou sete anos com a coreógrafa Lia Rodrigues. A sua pesquisa pessoal gira em torno do teatro físico, da dança-teatro e da dança...

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