Maria Lúcia Cruz Correia e Vera Mantero
JURISPLÂNCTON [Terra Batida]
- 23.11 — 24.11 2020
- Teatro São Luiz - Sala Mario Viegas
- Gratuito
- mediante levantamento de bilhete
- M/12
- 120 min
- em português
Em 2019 o FMI afirmou ter descoberto nas baleias a solução para o excesso de dióxido de carbono na atmosfera. As baleias podem salvar-nos do aquecimento global! Uh, bom, mas, hmm, isso só acontecerá SE os números de baleias nos oceanos voltarem ao que eram antes de as caçarmos intensivamente, pelo menos nos últimos 150 anos... É um grande SE... Conseguiremos convencer as baleias a entrarem num regime de reprodução frenética o mais rapidamente possível para nos salvarem?... Salvar-nos a nós, que as fizemos em fanicos?... Como convencê-las?…”
- Vera Mantero
Neste evento, Maria Lúcia Cruz Correia e Vera Mantero partilham uma pesquisa, num formato performance- debate. Procuram estimular uma consciência em torno de uma ecologia interior e coletiva, a perceção do que são crimes ambientais e a função dos direitos da natureza. São propostos diálogos entre especialistas, juristas, activistas, artistas, guardiões da natureza e a própria natureza. O formato vai ser estranho como o fundo do mar, envolvendo justiça restaurativa, performance, sexo entre baleias, rituais, participação, silêncio e um contrato com o mar.
NOTA: Devido às medidas COVID-19 aplicadas em Portugal e Bélgica, Maria Lúcia Cruz Correia não poderá estar presente ao vivo. Como alternativa, a artista estará presente por videoconferência. A sua proposta enquadra-se num processo maior de pesquisa a decorrer na continuação do projecto Terra Batida e que resultará numa peça performativa de Maria Lúcia Cruz Correia em 2021.
As apresentações contam com a presença da jurista Maria Inês Gameiro e da curadora e pesquisadora Margarida Mendes.
23 nov - Maria Inês Gameiro
24 nov - Margarida Mendes
Terra Batida é uma rede de pessoas, práticas e saberes em disputa com formas de violência ecológica e políticas de abandono. O conhecimento singular e local de conflitos socioambientais, aliado à ação em rede, convocam resistência aos abusos extrativos e também pedem cuidado: para especular e fabular, para construir visões e vidências sensoriais entre mundos exauridos e exaustos. Todos os eventos do Terra Batida no Alkantara Festival são de entrada livre.
De e com Maria Lúcia Cruz Correia, Vera Mantero
Com a participação de Maria Inês Gameiro, Margarida Mendes e outras pessoas convidadas
Maria Lúcia Correia é uma artista cujo trabalho reflete a sua implicação profunda com as crises ecológicas e a emergência climática. As suas instalações visuais, performances e laboratórios participativos expressam cosmopolíticas, solidariedade anti-colonialista, e afinidades entre a espécie humana e um mundo-mais-que-humano. Maria Lúcia usa ferramentas e metodologias informadas pelas práticas das constelações sistémicas, acordos conscientes, justiça restaurativa, ativismo, rituais e magia. Foi artista residente em Vooruit de 2013 a 2019, onde desenvolveu 1 place and 11400 seconds, Urban Action Clinic, Common Dreams: Flotation School e Voice of nature:the trial (Roel Verniers Prijs, 2017). Em 2019 o seu novo projeto Kinstitute, foi selecionado para os prémios COAL.
Vera Mantero estudou dança clássica e contemporânea e integrou o Ballet Gulbenkian entre 1984 e 1989. Tornou-se um dos nomes centrais da Nova Dança Portuguesa, tendo iniciado a sua carreira coreográfica em 1987 e mostrado o seu trabalho por toda a Europa, Argentina, Uruguai, Brasil, Canadá, Chile, Coreia do Sul, EUA e Singapura. Criou as instalações performativas “Oferecem-se Sombras” (2013) e “Mais Pra Menos Que Pra Mais” (2013 e 2014). Estes projetos, bem como as peças “Vamos Sentir Falta de Tudo Aquilo de Que Não Precisamos” (2009) e “O Limpo e o Sujo” (2016), esta última inserida no ciclo “As Três Ecologias” que Mantero comissariou com Mark Deputter e Liliana Coutinho no Teatro Maria Matos, posicionam-se de forma assertiva relativamente a temas como sustentabilidade ambiental e económica e cidadania. Em 1999 a Culturgest organizou uma retrospetiva do seu trabalho e em 2004 representou Portugal na 26ª Bienal de São Paulo com Comer o Coração, cocriado com Rui Chafes. Em 2002 recebeu o Prémio Almada (IPAE/Ministério da Cultura) e em 2009 o Prémio Gulbenkian Arte pela sua carreira. Em 2018 foi nomeada Figura Intelectual Ibero-Americana, uma iniciativa da Fundación Avina no âmbito de profissionais que deram o seu contributo no campo da sustentabilidade ambiental.
Maria Inês Gameiro é licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (2001). Mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica (2007). Doutorada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa. Desenvolve a sua atividade como consultora jurídica e investigadora, tendo participado em projetos de investigação nacionais e europeus. A sua área de trabalho centra-se no diálogo entre a ‘sociedade técnica’ contemporânea e o Direito, patente no Direito Administrativo, no Direito do Ambiente e no Direito da Propriedade Intelectual, designadamente nos domínios do Direito do Mar e das biotecnologias marinhas e do Direito da Alimentação. Áreas de interesse: Direito Internacional Público, Direito Administrativo, Direito da União Europeia, Direito do Mar, Direito do Ambiente, Direito da Propriedade Intelectual, Direitos Fundamentais.
Margarida Mendes é curadora, investigadora e ativista. Vive em Lisboa. A sua pesquisa - com enfoque no cruzamento da cibernética, filosofia, ecologia e filme experimental - explora as transformações dinâmicas do ambiente e o seu impacto nas estruturas sociais e no campo da produção cultural. Integrou na equipa curatorial da 11a Bienal de Gwangju (2016) e da 4a Bienal de Design de Istambul (2018). Em 2016, curou a exposição MATTER FICTIONS, no Museu Berardo, publicando um livro em conjunto com a Sternberg Press. É consultora de ONGs ambientais que trabalham em política marinha e mineração no mar profundo e dirigiu também diversas plataformas educacionais, como escuelita, uma escola informal do Centro de Arte Dos de Mayo - CA2M, Madrid (2017); O espaço de projetos The Barber Shop em Lisboa dedicado à pesquisa transdisciplinar (2009-16); e a plataforma de pesquisa curatorial sobre ecologia The World In Which We Occur (2014-18). Margarida Mendes é doutoranda no Centre for Research Architecture, Visual Cultures Department, Goldsmiths University of London com o projecto “Deep Sea Imaginings” e colabora frequentemente com o canal online de vídeo reportagem Inhabitants.
Vera Mantero estudou dança clássica e contemporânea e integrou o Ballet Gulbenkian entre 1984 e 1989. Tornou-se um dos nomes centrais da Nova Dança Portuguesa, tendo iniciado a sua carreira coreográfica em 1987 e mostrado o seu trabalho por toda a Europa, Argentina, Uruguai, Brasil, Canadá, Chile, Coreia do Sul, EUA e Singapura. Criou as instalações performativas “Oferecem-se Sombras” (2013) e “Mais Pra Menos Que Pra Mais” (2013 e 2014). Estes projectos, bem como as peças “Vamos Sentir Falta de Tudo Aquilo de Que Não Precisamos” (2009) e “O Limpo...
Maria Lúcia Cruz Correia é artista licenciada em Design Gráfico pela ESAD (PT) e pósgraduada em performance e cenografia pelo APASS (BE). Os seus projectos são participativos, criando plataformas autónomas e temporárias em colaboração com cientistas, climatologistas, ativistas e advogados. O seu percurso artístico é informado por discursos sobre o Antropoceno, colonialismo, mudança climática e crimes ambientais. De 2013 a 2019 é artista em residência no Kunstcentrum Vooruit (Bélgica) e é apoiada pela rede Imagine 2020.
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