Rita Natálio
Fóssil [Terra Batida]
- 26.11 — 27.11 2020
- Estreia absoluta
- Teatro São Luiz - Sala Bernardo Sassetti
- entrada livre
- mediante levantamento de bilhetes
- M/12
- 90 min
- em português, legendado em inglês
Fóssil é a continuação da série de performances-conferência de Rita Natálio iniciadas com Antropocenas (2017, colaboração com João dos Santos Martins) e Geofagia (2018).
Se a figura do zombie foi central para entender o funcionamento do capitalismo e do conceito de biopolítica no século XX, a figura do fóssil - o que é extraído da terra e o que acumula tempo ou história - convida hoje a pensar sobre a crise generalizada que muitas pessoas têm chamado de Antropoceno. Aqui se constrói um fóssil do extrativismo contemporâneo, refletindo sobre como a geologia e os processos que ocorrem “dentro da terra” estão inscritos e se inscrevem na história humana. Um livro-performance onde a linguagem atravessa diferentes escalas e se expõe à sabotagem.
Fóssil convive com uma série de trabalhos do artista visual Hugo Canoilas, proposta que surgiu do convite do Atelier-Museu Júlio Pomar para uma performance no fecho da exposição "Antes do Início e Depois do Fim", comissariada por Sara António Matos e Pedro Faro. As apresentações serão seguidas de conversas com João Prates Ruivo, Greve Climática Estudantil e Climáximo.
- 26 de novembro João Prates Ruivo - “Solos Antropogênicos: fabulando um Instituto dos Solos em Portugal”
- 27 de novembro Climáximo (Carlos Godinho) e Greve Climática Estudantil (Andreia Galvão e Sofia Oliveira)
Terra Batida é uma rede de pessoas, práticas e saberes em disputa com formas de violência ecológica e políticas de abandono. O conhecimento singular e local de conflitos socioambientais, aliado à ação em rede, convocam resistência aos abusos extrativos e também pedem cuidado: para especular e fabular, para construir visões e vidências sensoriais entre mundos exauridos e exaustos. Todos os eventos do Terra Batida no Alkantara Festival são de entrada livre.
Conceção e texto Rita Natálio Som Rui Antunes Pinturas, menir e escultura Hugo Canoilas Diálogos textuais Elizabeth Povinelli, Katryn Yussof, Karen Pinkus, Malcolm Ferdinand Miguel Rego, Jornal Mapa Tradução Tiffany Higgins Assistência artística João dos Santos Martins Ensaios e residências MDance, Espaço Alkantara, Estúdios Victor Córdon, PENHASCO Apoio Fundação Calouste Gulbenkian
Rita Natálio é artista e pesquisadora. Os seus espaços de prática relacionam poesia, ensaio e performance. Doutoranda em Estudos Artísticos na FCSH-UNL e Antropologia na USP, pesquisa desde 2014 o recente debate sobre o conceito de Antropoceno e o seu impacto sobre a redefinição disciplinar e estética das relações entre arte, política e ecologia. Realizou uma série de conferências-performance, entre elas Antropocenas (2017) com João dos Santos Martins, e Geofagia (2018). Em 2019, participou num grupo curatorial fomentado por Ailton Krenak que organizou “Ameríndia: percursos do cinema indígena no Brasil” na Fundação Calouste Gulbenkian. Em 2020, Rita Natálio co-organizou o seminário “Re-politizar o Antropoceno” dentro do projeto internacional Anthropocene Campus Lisboa com Davide Scarso e Elisabeth Johnson, projeto originado em no HKW em Berlim. Co-organiza, com André E.Teodósio, uma chancela editorial Ed.______ que resulta da parceria Sistema Solar/Teatro Praga e que tem como foco as artes performativas e os sistemas de poder e protesto na atualidade
Hugo Canoilas vencedor do Kapsch Art Prize 2020, na Áustria, tem vindo a expor regularmente em Frankfurter Kunstverein, De Appel, Fundação Calouste Gulbenkian, Bienal de São Paulo, Kunsthalle Wien, Museu do Chiado, Mumok e Museu de Serralves. Foi responsável pela edição "OEI#80-81: The zero alternative: Ernesto de Sousa and some other aesthetic operators in Portuguese art and poetry from the 1960s onwards", co- editada com Cecilia Groenberg , Jonas (M) Magnusson e Tobi Maier. Criou e desenvolve o projecto coletivo A Gruta na cave da Galeria Quadrado Azul em Lisboa e, conjuntamente, com Nicola Pecoraro e Christoph Meier dirige o espaço Guimarães em Viena.
João Prates Ruivo licenciou-se em arquitectura no Instituto Superior Técnico em Lisboa. Em Atenas fundou uma prática em nome próprio, FORA, com Raquel Oliveira e João Fagulha. Leciona atualmente na Syracuse University, em Londres, e lecionou cadeiras de arquitectura na University of Liverpool e na Goldsmiths University London, onde atualmente é aluno de Doutoramento. O projeto de pesquisa Soil Politics investiga as transformações técnicas dos solos após a Segunda Guerra Mundial, em particular o papel das missões de reconhecimento pedológico na reconfiguração territorial que ocorreu durante o conflito anti-colonial em Angola. No presente, pesquisa as possibilidades de práticas situadas de resistência no contexto das transformações ecológicas decorrentes do projecto de cultivo intensivo da barragem do Alqueva, no Alentejo.
Pólen é uma plataforma de vídeo que faz cobertura de conflitos ambientais em Portugal e as variadas formas de resistência: protestos, ações, discussões e soluções. Fazem cobertura em vídeo em parceria com o projeto Portugal Ambiente em Movimento, onde estão hoje inventariados mais de 120 conflitos, divididos pelos eixos temáticos: agricultura, indústria, mineração, resíduos, energia, megaprojetos e gestão do território.
Artista e investigador. Lésbica não-binárie. Os seus espaços de prática combinam a escrita e a performance, seja na criação, no ensino, na investigação ou na organização de programas públicos. Tem organizado uma série de palestras-performances dedicadas à relação entre linguagem e geologia, apresentadas internacionalmente em diversos espaços artísticos, teatros e contextos académicos: Antropocenas (2017) com João dos Santos Martins, Geofagia (2018), e Fóssil (2020). Um dos seus trabalhos mais recentes — Spillovers (2023) — propõe uma...
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