Sílvia das Fadas (com Francisco Janes)
Luz, Clarão, Fulgor [Terra Batida]
- 19.11 2020
- Teatro São Luiz - Sala Mário Viegas
- entrada livre
- mediante levantamento de bilhetes
- M/12
- 85 min
Luz, Clarão, Fulgor — Augúrios para um Enquadramento Não Hierárquico e Venturoso é um filme que se acende no rastilho do anarquista António Gonçalves Correia e das suas experiências comunais – primeiro, a Comuna da Luz em Vale de Santiago/Odemira (1917-18), e depois a Comuna Clarão, em Albarraque/Sintra (1926). Ao metamorfosear-se em diferentes iterações, antecipa o fulgor de uma desierarquização do olhar e uma pedagogia da terra e da convivialidade na bio-região alentejana.
"Procuramos por augúrios enquanto observamos teimosamente as ruínas de uma comuna. Por exemplo: 'clima favorável aos errantes'. Caminhamos através dos tempos, registando erraticamente imagens e sons através da espacialidade caleidoscópica do Alentejo, uma região com nome de rio, para além de um rio. Como caminhar oferece encontros inesperados e copresenças, missivas são enviadas de e para as margens. Por exemplo: 'cultivar órgãos para a alternativa'. Os nossos sentidos são parciais, precários e fragmentários, mas não a nossa orientação: trava-se uma luta quotidiana pelo fulgor e queremos fazer parte dela. Contra um firmamento de desapropriação de terras, corpos e laços sociais, estamos a preparar-nos. Por exemplo: 'De nível!' O fulgor é móvel, a comunidade prefigurada é dispersa e diversa. Através de dissenso e associações de afinidade, autonomia e reencantamento, a oferenda do cinema traz em si a potência para florescermos livres de imposições hierárquicas."
Sílvia das Fadas
Esta projeção, seguida de uma conversa com a realizadora, é apresentada no contexto do projeto Terra Batida. Sílvia das Fadas, atualmente residente em Troviscais, São Luis, participou numa das residências no Alentejo (Montemor-o-Novo). Terra Batida é uma rede de pessoas, práticas e saberes em disputa com formas de violência ecológica e políticas de abandono. O conhecimento singular e local de conflitos socioambientais, aliado à ação em rede, convocam resistência aos abusos extrativos e também pedem cuidado: para especular e fabular, para construir visões e vidências sensoriais entre mundos exauridos e exaustos. Todos os eventos do Terra Batida no Alkantara Festival são de entrada livre.
Filme expandido em 16mm e texto Sílvia das Fadas Composição Sonora Francisco Janes A partir de gravações de Nora Sweeney, Robert Blatt, Sílvia das Fadas Tradução Sílvia das Fadas
Sílvia das Fadas é realizadora, investigadora, professora. Fez um mestrado em cinema no California Institute of the Arts (EUA) e foi artista residente na Akademie Schloss Solitude (Alemanha). É doutoranda na Academia de Belas Artes de Viena (Áustria) e investigadora no Center for Place Culture and Politics, CUNY (EUA). A sua filmografia recusa a digitalização do mundo e inclui Luz, Clarão, Fulgor — Augúrios Para Um Enquadramento Não Hierárquico e Venturoso (2018-2020), A Casa, a Verdadeira e a Seguinte, Ainda Está por Fazer (2015-2018), Square Dance, Los Angeles County, California, 2013 e Apanhar Laranjas/Picking Oranges (2012). Interessa-se pelas políticas intrínsecas às práticas cinematográficas e pelo cinema enquanto experiência colectiva e expandida.
Francisco Janes (Lisboa, 1981) vive e trabalha em Vilnius, onde tem família. É um artista e realizador independente cujo trabalho cresce em torno da experiência e do som. Tem colaborado de forma diversa em projetos de áreas interdisciplinares como publicidade, cinema, performance, ensino e arte contemporânea. Estudou na FLUL, fez o CAF no Ar.Co em Lisboa e foi bolseiro Ernesto de Sousa em 2008 em Nova Iorque. Em 2012 concluiu o mestrado em Filme da CalArts, em Los Angeles.
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